terça-feira, 18 de março de 2008


Cicatriz no queixo


Quando estou caminhando sozinha, eu fico observando as pessoas e tentando desvendar os mistérios que elas escondem. Isso não tinha graça quando morava em Palmeira, afinal, cidade pequena todo mundo sabe da vida de todo mundo, sabe onde você mora, onde trabalha e a partir daí dá pra antever um pouquinho da vida da população inteira.

Mas aqui em Novo Hamburgo é mais divertido, e instigante também! Você olha pra uma alemoa de 2 metros de altura com uma cicatriz no queixo (porque com a minha altura eu enxergo perfeitamente as cicatrizes no queixo das pessoas) e começa a viajar: ela cortou o queixo fugindo de uma surra da madrasta quando tinha 8 anos; sofreu um acidente de carro onde perdeu o marido e os filhos, mas salvou-se porque estava comendo Doritos; foi sequestrada por uma quadrilha que rouba queixos para fabricar loções rejuvenecedoras... Enfim, surgem inúmeras hipóteses, mas cá entre nós, o que realmente aconteceu normalmente é menos emocionante do que as nossas suposições. Ela simplesmente tropeçou em uma pedra e bateu o queixo, levando três pontos e só! Sem nem ao menos um dente quebrado! Afff... Que monótono!

Sei lá, talvez isso seja um indício de que eu sofro de sérios problemas psicológicos e represento um risco à humanidade, mas a verdade é que eu gosto de histórias inusitadas e acontecimentos extraordinários. Deixa as coisas mais interessantes! E deve ser por eu gostar tanto de singularidades que a minha vida é meio comum! Não me deparo com coisas esdrúxulas diariamente e a minha cicatriz no queixo é resultado de um tombo, e só!

O que me conforta é que devem existir mais pessoas como eu por aí e que a minha cicatriz para elas podem ser o fruto de uma abdução extraterrestre, onde os pequenos seres verdes fizeram pesquisas com o material coletado a fim de descobrir de onde vem a demência dos terráqueos.